Olá!
Vamos contar um pouco como iniciamos nossas aventuras em terras internacionais. Em 2017 decidimos fazer algo diferente nas férias. Havíamos comprado nosso apartamento em fevereiro, em março compramos um novo carro, um Palio Weekend e, como fizemos vários passeios de bike durante o ano, decidimos que queríamos fazer uma cicloviagem.
Iniciamos nosso planejamento ainda em maio de 2017. Vimos vários lugares e nos apaixonamos por fotos e por descrições do Uruguay. Batemos o martelo: vamos do Chuí a Montevideo pedalando. Mas, além de pedalar, precisávamos apreciar o caminho. Sendo assim, para fazer essa cicloviagem em segurança e não precisar levar muita bagagem nas bikes, convidamos um amigo, o Adriano, para nos acompanhar e ser o nosso motorista enquanto pedalávamos. Pois bem, assim o fizemos.
E dia 14 de dezembro de 2017 partimos de Curitiba em direção ao Uruguay. A partir de agora vou contando o nosso dia-a-dia dessa viagem que nos encantou.
14/12/2017 – De Curitiba a Chuí
Saímos de Curitiba após o expediente, para curtir cada segundinho das férias. O Mario e o Adriano se revezaram na direção e tocamos direto até Porto Alegre, pela BR 101. As duas bicicletas foram transportadas na parte de cima do Palio, as bagagens foram no porta malas e em três, fomos tranquilos no carro.
Tomamos um café em Porto Alegre na casa do nosso amigo Edson Cogo e visitamos a Arena do Grêmio, para ver a Ariana feliz. Só para constextualizar, foi o ano que o Grêmio chegou a final do Muldial de Clubes, o jogo seria dia 16 e estar na Arena dia 14 significava muito pra ela. Depois seguimos.
Almoçamos em Camaquã e tocamos direto até chegar em Chuí, próximo às 18h. Cansados de quase 20h de estrada, fomos procurar um hotel para passarmos a noite. Logo encontramos um local bem localizado e com um preço bem bacana.
Mas, ainda precisávamos comer algo e, como o Chuí separa Brasil e Uruguay por uma avenida, resolvemos ter nossa primeira refeição típica: Uma Parrilla. Conhecemos então o que viria a se tornar uma paixão. Nesse dia experimentamos carne de boi e frango, linguiças e miúdos do boi (chinchulin, molleja e riñones), além de morrones (pimentões), cebola, batata e tomates.
Apreciamos uma cerveza helada e depois fomos para o hotel descansar.
SERVIÇO:
Turis Firper Hotel
Rua Samuel Priliac, 629 – Vila Rica
CEP 96255-000 – Chuí – RS – Brasil
+55 53 99971-4526
15/12/2017 – De Chuy a Punta Del Diablo
Acordamos cedo, tomamos um bom café e arrumamos nossas bicis para o primeiro dia de pedal. Como precisávamos passar a fronteira, apesar de termos saído cedo, iniciamos o pedal com o sol alto. Isso nos atrapalhou um pouco, pois os 32 graus que apontavam no termômetro, refletiam no asfalta e voltavam com uma sensação de 40.
Foram 49km ao todo, passamos pela Usina Eólica do Chuí, onde paramos para apreciar aqueles enormes moinhos de vento que vínhamos acompanhando desde Osório, mas somente agora entendemos sua grandeza. Um pouco mais adiante, curtimos as praias belíssimas de La Coronilla, Playa de Mozas e Playa Grande.
Curtimos o Forte de Santa Tereza, uma área militar com uma paisagem belíssima e cheia de história, com um camping sensacional (vamos voltar de Doblò um dia para acampar lá) onde foi possível pedalar com tranquilidade, parando algumas vezes para hidratação e para comer, já que o desgaste foi intenso.
Na Playa Grande, para chegar em Punta del Diablo, encaramos uma duna gigante, com areia e pedras, que geraram a maior dificuldade do dia, pois não tinha condições de pedalar. Carregamos as bicicletas, o que nos desgastou já no primeiro dia.
Depois desse perrengue, chegamos enfim no hostel que havíamos reservado para passar a noite, tomamos um banho e saímos para curtir a praia de Punta del Diablo. Fomos agraciados com um pôr-do-sol lindo, curtindo uma empanada e uma cerveza, em um banco de madeira, a beira da praia, ao nosso lado um “perro” nativo que nos fez companhia.
Lição do dia: O bronzeado deste verão foi bem diferente da tradicional marquinha de biquíni. Acho que se procurar bem, até hoje tem marquinha da bermuda.
SERVIÇO:
Company Hostel Punta del Diablo
Calle 11 entre 10 y 12
CEP 11400 – Punta del Diablo – Uruguai
+598 4477-2585
16/12/2017 – de Punta del Diablo para Valizas – 59km
Andamos mais da metade do caminho na “Ruta 10”, a principal da região. Só asfalto, mas com algumas subidinhas marotas, compensando com descidinhas onde deu pra pegar 60km/h. Calorzinho básico de 32 graus, mais o que reflete do asfalto. Mas hoje saímos bem mais cedo, às 7h da manhã (6h do Brasil), o que ajudou a amenizar. Chegamos ainda de manhã, num calor escaldante e à tarde curtimos um belo passeio a Cabo Polonio. Um lugar encantador! Apreciamos os lobos e leões marinhos, conhecemos o farol, o povoado (pueblo), a feirinha onde nos ofereceram marijuana quando compramos uma mini bike decorativa e finalizamos esperando o pau de arara traçado por um bom tempo (é a única maneira de chegar e sair de lá). Detalhe: o nome dos caminhões são Optimus Prime e El Safari del Cabo.
Lição do dia: Andar de caminhão traçado nas dunas balança muito.
SERVIÇO:
Buena Vista Valizas
Camino de la laguna s/n
CEP 27200 – Valizas – Uruguai
+64 20 4119-3135
17/12/2017 – Terceiro dia: de Valizas a La Paloma 32,8km.
Na verdade, fizemos somente metade do caminho. Uma tempestade atrapalhou os planos do dia. O percurso total daria em torno de 70km. Passamos pela entrada de Cabo Polonio, aproveitamos para usar o banheiro. Enquanto um cuidava das bikes, o outro ia até o toalete. Nós fizemos essa viagem com radio comunicadores, que nos permitiram ter comunicação, mesmo se um ficasse pra trás, ou precisássemos de ajuda em situações como esta.
E então o tempo começou a fechar, e muito vento contra a partir de certo momento, depois veio uma chuva que ajudava o vento a deslizar e levar a gente pro mato, literalmente, pois a pista não tinha acostamento. Sem condições de continuar, paramos e pedimos ajuda. Até o resgate vir, nos refugiamos em uma obra da estrada, onde havia um container e uma trabalhadora nos acolheu.
À tarde conhecemos La Paloma, Laguna de Rocha (por onde vamos passar amanhã) e la Playa de Las Pedreras. Lugares maravilhosos!
A tarde a chuva cessou, mas o vento continuou e abaixou a temperatura, além de remexer muito o Mar. Retiramos os casacos da mala, pois a temperatura baixou bem!
Lição do dia: A chuva não vai mais atrapalhar nossa trip, agora estamos preparados. Amanhã tem mais!
SERVIÇO:
La Posta de la Laguna
Ruta 15 , km 7,5
CEP 27001 – La Paloma – Uruguai
+598 4470-9065
18/12/2017 – Quarto dia de pedal: de La Paloma a Punta del Este – 87,6km
A distância assustou, mas foi muito tranquilo. Sol e um ventinho que não deixava esquentar muito, o que fez nosso pedal ser muito agradável. Apelidei esse caminho da Ruta de Las Lagunas e Pontes Diferentes.
Saímos às 7h e fomos até a Laguna de Rocha, onde pegamos um barco para atravessar. Pépe nos levou de seu castillo (modo como ele chama sua casa, a beira da lagoa), até o outro lado da lagoa, onde pedalamos por kms tranquilos, tendo como vista pastos, vacas felizes e o mar. Essa é nossa mais doce lembrança do Uruguay.
Depois fomos até a Laguna Garzón, onde passamos pela ponte Caracol, uma ponte redonda, bem diferente das tradicionais e que foi construída para que os motoristas admirassem mais a laguna enquanto passam por ela.
Depois passamos pela Laguna de José Ignacio, tão linda quanto as outras e que dá nome a cidade chique a sua beira.
Encontramos um brasileiro que está fazendo uma trip de bike também. Conversamos um pouco, tomamos um lanche no posto e seguimos.
Eis que chegamos a Punta del Este, a ponte aqui parece ondas do mar e pega um vento lateral lascado. Muito medo de atravessar, principalmente junto com os carros e ônibus que passaram ao lado. Nessa Miami Uruguaia, terra dos outlets e das compras em dólar, tem foto no edifício do Trump que ainda está em construção.
Como tem muito luxo nas casas e carros, acabei me perdendo em uma calçada, bati com o pneu da frente em um toco de concreto e ganhei 2 manchas roxas na perna. Nada demais!
No hostel, nada de cadeados ou chaves, tudo aberto, bikes dormiram do lado de fora e a sensação de segurança se consolidou.
Lição do dia: Devagar e sempre!
Amanhã é dia de folga do pedal. Voltaremos a pedalar na quarta.
SERVIÇO:
Hostel 32
Lenguas de Diamante esquina Juana de America
CEP 20100 – Punta del Este – Uruguai
+598 9519-1333
19/12/2017 – Dia de conhecer Punta del Este, mandar a roupa lavar e passar frio.
Fomos a Punta Ballena visitar a Casa Pueblo e nos surpreender com esse lugar maravilhoso. Um museu extraordinário em todos os detalhes. Villaró foi um artista completo e apaixonado pelo Uruguai. A casa tem uma energia maravilhosa, cheia de paixão e arte.
Visitamos o Conrad, maior cassino do Uruguai, o monumento La mano na praia, andamos toda a rambla, tomamos sorvete do MC Donalds sabor Dulce de Leche, mesmo no frio. Entramos em uma limousine e comemos muito bem!
Compramos uma toalha de banho, pois eu consegui sujar a minha de graxa, quando deixei ela secar em cima da bike.
20/12/2017 – Quinto dia de pedal: de Punta del Este a Atlántida – 104km
Última parada antes da capital. Puxada longa, mas necessária para que nossa viagem desse certo.
Hoje passamos por lugares divinos: Punta del Este é sensacional! Depois Punta Negra e Punta Colorada, duas praias lindas e com refúgios beira Mar del Plata. Punta Ballena é o marco do fim do Atlântico para a entrada desse que é um rio-mar que acolhe águas brasileiras, inclusive.
Então chegamos a Piriapolis, um lugarzinho encantador, onde tudo parece perfeito. Com certeza, se não tivéssemos com o tempo cronometrado, iríamos ficar por ali mesmo. Muito acolhedora, hermosa e com clima agradável.
Seguimos.
E então chegamos a essa maravilha chamada Atlántida.
Foi puxado, mas as fotos dizem tudo: um lugar mais lindo que o outro.
À tarde conhecemos o Viñedo de Los Vientos, el Águila e o Sol, pontos turísticos desse mimo que é Atlántida.
Amanhã tem a última etapa desta aventura.
Lição do dia: Não estamos com índices olímpicos de tempo, mas estamos aproveitando cada segundo.
Amanhã tem o último capítulo.
SERVIÇO:
Hotel Munday
Calle 24 esquina 1
CEP 16000 – Atlantida – Uruguai
+598 4372-4573
21/12/2017 – Quinto e último dia de pedal: de Atlántida a Montevidéu – 48km.
Hoje terminamos o desafio a que nos propomos. Mas a viagem continua…. agora somente de carro.
De pedal, foi muito tranquilo, somente asfalto e agora a paisagem muda, estamos perto da capital.
Hoje está fazendo muito calor e aproveitamos para conhecer um pouco da cidade. É muito grande e bonita!
Nossa estadia é em uma casa de 3 habitantes: Rose Sharon, Julio e a Ginger (uma labrador de 8anos, cega). As melhores dicas de passeios foram dadas pela Antropóloga Rose.
Seguindo suas dicas:
Visitamos um forte chamado Cerro de Montevideo, a Plaza de Independencia, onde tem as sedes do governo e onde nem parece ter seguranças, local tranquilo. Conhecemos também a Fuente de los cadenados, o Teatro Solis, além da estátua de Carlos Gardel.
As pernas estão cansadas desses tantos km (quase 400) em poucos dias, mas a sensação de ter cumprido esse desafio não tem explicação.
Nenhum pneu furado, nenhum problema nas bikes. Eu só tenho a agradecer a Deus que nos cuidou e a vocês que nos acompanharam e nos deram a maior força.
Já estou com saudades. Já vamos preparar a próxima.
Lição do dia: no pain, no gain!
SERVIÇO:
Casa Rincón de La Aguada
Avenida General San Martín 2244
CEP 11800 – Montevideo – Uruguai
+598 9511-9893